domingo, 17 de abril de 2011

PARTE II

Estávamos tão cansados devido as poucas horas de sono que não conseguimos contemplar a chegada ao porto de Buenos Aires. A vista daquela cidade através da Bacia do Prata deve ser muito bonita, mas sentamos em cadeiras bastante confortáveis no terceiro andar do ferry e alí cochilamos durante toda a travessia.
Estava um pouco apreensivo com relação a aduana de nuestros amigos argentinos, pois havia escutado que a polícia do norte é bastante corrupta. Certo companheiro me comentou em um camping de Santa Catarina que havia pago, no total, cerca de US$ 300,00 só em propina no caminho de 600 km entre Uruguaiana e Buenos Aires. Diante de tal informação, decidi seguir pelo Uruguay e enfrentar a aduana somente em Buenos Aires.
Ao chegar a aduana, fomos gentilmente encaminhados com nosso motorhome para uma fila de não-argentinos. Uma simpática PORTENHA perguntou de onde éramos e para onde iríamos. Analisou perfunctoriamente a documentação e nos liberou. Não houve nenhum pedido para verificar o interior do veículo. Nenhum pedido para abrir os compartimentos. Não verificaram nada! E eu que havia estudado durante dias todos os acessórios obrigatórios e, além disso, comprado um a um no Brasil para não ser fisgado, me enxerguei agora um tanto desapontado.
Segui para La Plata, cidade pertencente a grande Buenos Aires, pois planejamos conhecer a prima da minha esposa. Ao chegar lá pelas 10:00 hrs da manhã, consegui quebrar mais uma molécula de ATP, tomei meu banho e fui dormir até o dia acabar, não sem antes matar mais dois dignos exemplares dos pterodáctilos de Pelotas-RS que insistiam em viajar conosco.
Passamos o final de semana em companhia destas simpáticas pessoas. Minha esposa e sua prima somente haviam conversado, até tal data, através da internet (MSN, FACEBOOK, GOOGLE TALK, etc). Tagarelaram durante horas assuntos incompreensíveis que somente poderia ser interpretado por algum  profundo conhecedor do portuñol.
Fato curioso: Percebi que não existem placas de condução preferencial nos cruzamentos das ruas da Argentina. Diante disso, eu conduzia meu motorhome parando em cada esquina para não correr o risco de sofrer algum acidente que terminariam com as minhas tão esperadas férias. Questionei isso aos anfitriões e me foi explicado que nos cruzamentos argentinos, o veículo menor respeita o maior, portanto, eu poderia conduzir sem riscos meu motorhome pelos cruzamentos sem precisar parar. Eu não concordei com tal tradição e continuei tomando cuidado. Rs
Aproveitei o domingo para comprar veneno. Aqueles pterodáctilos gaúchos não me incomodariam mais. Levei o veículo também até um borracheiro (gomeiro) para verificar os pneus (cobertas). Conversa vai e conversa vem me foi dito que havia um buraco (tarugon) em um pneu e que não havia conserto. Comprei um pneu usado que aparentava estar em boas condições e deixei o meu original estragado para eles.
Segunda pela manhã nos despedimos e seguimos viagem rumo a ruta 3. Voltamos até Buenos Aires e começamos o trajeto por tal rodovia. Não sabia bem até aonde eu conseguiria conduzir, então segui a brisa dos ventos e deixei o cansaço ditar as regras. Paisagem bonita a partir de Buenos Aires. Até Bahia Blanca (650 km) o trafego é intenso devido ao porto, mas sem nenhum desnível na estrada. Pelo que percebi, foram 650 km de planalto verdejante.
Durante este trajeto cheguei a conclusão que possivelmente eu tenha me deixado enganar pelo borracheiro porteño que alegou não existir conserto para o meu pneu abandonado. Ora bolas! Tudo, absolutamente tudo, com exceção da morte e dos impostos, tem conserto nesta vida. Eu deveria ter trazido meu pneu e procurado a opinião de outro borracheiro. Bahh! Aquele pneu me custou R$ 500,00 (quinhentos reias). Espero que o usado  não me traga problemas.
Outra curiosidade: A quantidade de fazendas de girassóis nos fez entender que esta possivelmente seja uma das principais atividades econômicas daquela região. São famosos os azeites de girassol no Brasil que custam mais caro do que o de soja. Pois é! São os girassóis desta parte da Argentina.
O Bebê assistiu desenhos e filmes durante todo o dia. A adolescente não acordou de seu coma profundo. Ao chegar a Bahia Blanca eu já estava um tanto casado. Encontramos um posto de combustível que nos forneceu água e luz. Alí tomamos nossos banhos e fizemos uma lasanha. Dormimos cedo para tentar prosseguir a viagem não muito tarde do dia seguinte.
BUENA SUERTE: 03
MALA SUERTE: 00

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