domingo, 17 de abril de 2011

PARTE V

Saímos bem cedo, pois queríamos ver as baleias na maré alta. Logo que saímos de Puerto Piramides caímos em uma estrada de rípio. Affff!! Definitivamente motorhome e rípio não combinam. A casa tremia inteira. Tinhamos que fazer cerca de 220 km naquelas condições. Logo de início nos deparamos com uma quantidade impressionante de Guanacos. Reduzi a velocidade para não atropelar algum animal destes.
Nossa primeira parada foi a Punta Norte da Península Valdez, cerca de 70 km de Puerto Piramides. Incrível! Jamais havia visto Leões Marinhos e haviam tantos que eu mal conseguia escolher qual admirar. Ali passamos cerca de uma hora apenas contemplando, tirando algumas fotos e filmando os bichinhos.
Depois seguimos para a Punta Delgada. Foram mais 50 km com uma vista alucinante, pois seguimos margeando a Caleta Valdez. Não sei explicar a beleza daquele lugar, mas, até então, com certeza havia sido o local mais bonito que eu já havia conhecido em toda minha vida. Realmente impressionante! Fui obrigado a parar diversas vezes na estrada para admirar tal paisagem. Infelizmente, nenhuma foto tirada foi capaz de capturar a beleza daquele lugar, motivo pelo qual desisti de publicá-las. Caleta Valdez, não deixem de conhecer.
Chegamos a Punta Canto e tiramos mais algumas fotos. Punta Canto é o local mais apropriado para observar as baleias existentes na região. Uma quantidade infinita de pinguins, leões e elefantes marinhos parecem não discutir por seu local ao sol. Somado a isso, as baleias orcas acrescentam um brilho mágico a natureza.
Acabamos não indo até Punta Delgada, distante mais 50 km de Punta Canto, pois eu estava preocupado com o combustível que estava acabando. Resolvemos então voltar para Puerto Piramides e abastecer. Seguimos então para Puerto Madryn para passar a noite.
Em Puerto Madryn encontramos um camping apropriado com excelente estrutura. Infelizmente eu já estava tão cansado que não consegui encontrar forças para passear pela praia e admirar a beleza do local. Tomei meu banho, jantei e cai na minha cama, não sem antes trocar toda a roupa de cama, pois a poeira da península Valdez entrou sei lá por onde durante o trajeto.
Encontrei alguns Motorhomes no camping. Um me chamou a atenção, pois possuía placa do estado do Colorado (Estados Unidos). Que interessante! E eu que achava a minha viagem a senhora das aventuras. Afff!
No dia seguinte, fui até a recepção buscar as roupas de cama que eu havia mandado para a lavanderia. O serviço atrasou e fiquei esperando. Ali conheci um grupo de aventureiros da parte francesa do Canadá que estavam voltando da Tierra del Fuego. Conversa vai, conversa vem, me contaram que eu deveria conhecer o famoso parque nacional Torres del Paine. Merci beaucoup mon amis! Coloquei tal rota no rol dos lugares para conhecer.
Devido ao atraso na entrega das roupas, seguimos viagem somente após o meio-dia. Eu já estava bem atrasado, pois, pelas minhas contas, já deveríamos estar em Comodoro Rivadavia, distante cerca de 450 KM de Puerto Madryn.
De volta a Ruta 3, passamos por Trelew e Rawson. Depois destas cidades, pegamos a primeira tempestade de areia da viagem. É um espetáculo impressionante. Os ventos assustavam e me mantive alerta para não me ver jogado fora da pista por alguma rajada.
Lá pelas tantas, comecei a ficar preocupado, pois a tempestade de areia realmente prejudicou a manutenção da velocidade de 80 km e, por momentos, me enxerguei conduzindo a 50 km/hora. O esforço do veículo era tamanho que o combustível literalmente desapareceu. Pelas minhas contas estava fazendo 4 km/litro, sendo que no Brasil chegava a fazer 8 km/litro.
Minha esposa queria conhecer Punta Tombo, considerada a maior e mais acessível colônia de pinguins de Magalhães do mundo. No entanto, eu estava sem gasolina e sair da Ruta 3 para seguir até Punta Tombo terminaria em estresse. Decidi seguir pela Ruta 3 em busca de combustível.
Quando acendeu a luz da reserva de combustível, eu realmente comecei a me desesperar. Entre o nada e o lugar algum, sem combustível e ainda no centro de uma tempestade de areia. Afff!
Felizmente encontrei um posto meio abandonado. Com muita dificuldade consegui descer do veículo. O frio estava insuportável. O frentista completou o tanque e seguimos viagem. Aquela ventania não poderia ser normal. O mundo iria acabar!
Mais alguns Quilômetros e percebi que, com aquele vento, não iríamos chegar em Comodoro Rivadavia. Passamos por uma placa que apontava a entrada de uma cidade chamada de Camarones e o seu festival do salmão exatamente naquele final de semana. Não pensamos duas vezes! Pegamos o acesso para tal cidade e, depois de 100 km, encontramos uma simpática cidade com um centro de informações turísticas.
Na beira da praia encontramos uma dezena de motorhomes. O vento estava insuportável. Encontramos pontos de energia e água nos postes da praia e decidimos ficar ali. Fomos até um restaurante para jantar, voltamos para tomar banho e dormir.
A madruga foi tensa. As rajadas de vento balançavam o motorhome com se fosse uma folha de papel. Minha esposa teve pesadelos a madrugada inteira. Eu dormi com a tranquilidade de uma criança.

Buena Suerte: 05
Mala-suerte: 01

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