domingo, 17 de abril de 2011

PARTE IV


Pela manhã, caminhamos até a praia para conhecer o motivo pelo qual alguns portenhos viajam 1200 km para passar as suas férias. Achávamos sinceramente que não iríamos conseguir, pois poucas vezes na vida presenciei uma ventania tão forte como a daquela manhã. Reclamei um pouco, mas logo me atualizaram que o clima estava bom e que seria assim mesmo.
Quando chegamos a praia por um caminho de aproximadamente 500 metros, não conseguimos tirar mais do que uma foto, pois realmente estava impossível permanecer na areia com aquele vento. Pelo jeito eu iria continuar sem entender o que havia de tão bonito naquele lugar.
Saímos do camping e fomos comprar o bendito pneu-estepe para poder seguir viagem. Paguei o mesmo preço que costumo pagar no Brasil. Procuramos também um eletricista para consertar um pequeno defeito elétrico na tomada do inversor. Tal eletricista fez seus arranjos e negou-se veementemente a receber qualquer quantia pelo seu trabalho. Ele parecia bastante empolgado com a nossa viagem e alegou que bastava falarmos bem do seu povo que o débito estaria mais do que pago. Quanta simpatia!
Passamos em um supermercado e abastecemos a geladeira com carnes e frutas. Seguimos viagem.
Curiosidade: Na Patagônia, o horário comercial vai até as 21:00 horas. Por isso, todos os estabelecimentos fecham as 12:00 hrs e voltam a funcionar somente as 16:00 hrs. Nestas quatro horas de almoço, as cidades parecem fantasmas. Tudo fechado.
Outra coisa. O combustível na Argentina que já é, via de regra, mais barato do que no Brasil, na Patagônia fica ainda mais em conta. Uma diferença de quase 10% quando comparado com os postos de Buenos Aires.
Segui pela Ruta 3 até Puerto Madryd. Foram 400 km no que restava do nosso dia depois de tantas atividades em Santo Antônio d’Oeste. A paisagem não mudava. Poucas inclinações na pista, poucas curvas e quase nenhum veículo. Assim parece fácil dirigir. Ocorre que as rajadas de vento podem te tirar da pista a qualquer momento, se estiver distraído.
A partir de Santo Antônio comecei a receber acenos de caminhões que vinham no sentido contrário. Achei que algo estava errado com o Motorhome e parei uma dezena de vezes para verificar o veículo, mas não encontrava nada. Passei a entender que possivelmente estavam me avisando de eventual fiscalização da polícia adiante, mas também não existia nada. Levou mais de 200 km para eu entender que estavam apenas me cumprimentando, como que entusiasmados por ver um motorhome na estrada. Affff!!!
Chegamos a Puerto Madryd. A cidade foi, sem sombra de dúvida, a mais bonita que já havíamos conhecido até então. Encontramos um posto de informações turísticas e nos foi dito que deveríamos seguir até Puerto Piramides (cidade a 70 km de distância) para poder fazer o passeio pela península Valdez no dia seguinte, ou pagar pelos serviços de transporte a partir de Puerto Madryd mesmo. Ocorre que o preço nos assustou, pois o passeio é feito, basicamente, por turistas Europeus com seus Euros mega valorizados. Mesmo cançado, decidi dirigir até Puerto Piramides.
Puerto Piramides é uma cidade — se é que se pode denominá-la assim — de menos de 1000 habitantes. Trata-se da única cidade existente dentro da área natural protegida denominada Península Valdez. Para aqueles que não sabem, poucos lugares no mundo oferecem a possibilidade de observar ao natural a quantidade e diversidade de animais como neste lugar. Tal fato foi inclusivo lembrado pelo pesquisador Charles Darwin no ano de 1847.
A entrada à Península Valdez é cobrada. São 70 pesos por pessoa (algo em torno de 25 a 30 reais). A estrada está asfaltada até Puerto Piramides. Pequena e requintada, cheia de turistas estrangeiros caminhando pelas ruas e uma decoração para lá de atraente, não foi difícil nos apaixonarmos pelo que vimos. Fomos direto para o camping municipal e encontramos um simpático argentino que, após saber de onde éramos, contou que conhecia todos os estados do Brasil e que, recentemente, com o Real valorizado, não estava assim tão difícil ver brasileiros passeando pela Patagônia.
Detalhe: a água potável de Puerto Piramides é toda trazida de Puerto Madryd (70km), portanto, bastante cara. Enchi minhas duas caixas d’água no camping, mas tive que pagar 25 pesos por pessoa. Instalei o Motorhome em um lugar apropriado e fizemos uma lasanha. Após a refeição, banho e cama. O dia seguinte seria de intenso turismo pelos 220 km de estradas de rípio da Península Valdez.
Buena suerte: 04
Mala suerte: 01

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